Decididamente este não é um dos melhores filme de 2010 e nem é o melhor representante da categoria indie no pacote do Oscar dos últimos anos. (Como categoria indie, entenda-se as produções americanas alternativas como “Juno”, “Preciosa” e “Pequena Missa Sunshine”). Isso porque o filme tem um ritmo chato, um ambiente tedioso, uma fotografia sem vida e uma pretensiosa postura cult que não se legitima. Ok, vocês podem até dizer que era isso mesmo que a diretora, Debra Granik, queria construir em seu filme, e também que era essa a sensação de estranheza que queria passar para o espectador. Pois bem, se era isso que ela queria, conseguiu. Mas eu não gostei, achei chato e enfadonho.
Mas é preciso reconhecer duas forças que sustentam o filme: primeiro a interpretação madura de Jennifer Lawrence, a garota é uma grande revelação desta geração, transmite uma segurança incrível quando se expressa como a jovem que precisa sustentar mãe doente e irmãos mais novos após o desaparecimento do pai criminoso. Ela confere a heroína do filme uma coragem quase blasé diante do que precisa enfrentar, como se as situações que aparecem para impedi-la de atingir seu objetivo nada representassem. Gosto muito da cena em que ela ensina seu irmão mais novo a dominar o medo enquanto trata um esquilo morto para refeição. A segunda força é um roteiro muito curioso, onde se consegue entender o sentido de tudo sem ter muitas explicações. Que crime o pai dela cometeu? Por que tantas pessoas da cidade são seus inimigos? Por que o fizeram de vítima depois? Nada está claro no filme, mas tão pouco sentimos falta destas causa uma vez que a questão principal está ali muito bem exposta: a condição de esquecimento e de falta de perspectiva que as pessoas daquela região dos EUA vivem, o quanto aquele ambiente inóspito afeta a humanidade das pessoas e como um ser humano (a garota) pode ter força para ir longe quando acredita em seus propósitos.
Ah, também gosto de John Hawkes, o feioso mais talentoso do cinema americano, que faz o tio da garota. Ele é o protagonista de “Me and you and everyone we know” (esse sim um filme cult de verdade) e tem boas participações em filmes como “Identidade” e “Mar em fúria”.
Detalhe: Jennifer Lawrence fará a jovem Mystica em “X-Men First Class”, estou ansioso para ver isso.
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