Direção e interpretações incríveis. Nunca tinha visto nada deste diretor, Jacques Audiard (pelo jeito não chegou muita coisa dele ao Brasil) mas desde já me tornei fã dele e dos atores Tahar Rahim e Niels Arestrup. Tahar faz um trabalho maravilhoso como o garoto que entra na prisão de forma inocente e aos poucos vai se promiscuindo com as atividades subversivas e criminosas do ambiente e se transforma em uma pessoa tão perigosa quanto os demais a sua volta. O ator sabe levar toda esta transformação "sem perder a ternura", o que é a marca mais forte do personagem. Arestrup tem jeito de ser um daqueles grandes atores de teatro, com cara de quem seria um excelenet Rei Lear, e neste filme faz um trabalho de muita intensidade como o mestre, protetor e ao mesmo tempo corruptor do jovem presidiário feito por Rahim. Sintonia perfeita de dois atores de gerações diferentes.
Filmes de prisão sempre me antipatizaram um pouco, mas O profeta extrapola o clichê do estilo de ser apenas uma denúncia social ao sistema carcerário e fala sobre a tarjetória de seres humanos bem complexos e de como a necessidade de sobrevivência podem transformá-los.
A exploração de grupos étnicos já é algo bem usual no cinema europeu, muitas vezes utilizado como charariz comercial por retratar as tensões políticas atuais. Neste filme, temos árabes e corsos lutando por poder dentro e fora da prisão, mas o conflito aqui é muito bem embasado e não cai no sensacionalismo político de muitos outros. A questão da mediunidade do personagem central, que dá título ao filme, é exposta de forma discreta e reforça a teoria de que a traletória dele é algo que tinha que ser cumprida para aprendizagem e crescimento.
Acho difícil um filme conseguir equilibrar crítica social e questões transcedentais e O profeta conseguiu dar um formato interessante para a união dos dois temas, por isso gostei tanto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário